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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ALTO CAPARAO HISTORICO

Cidade: ALTO CAPARAÓ


HISTÓRICO

Duas razões estão na base da proteção da área do Parque. A primeira foi a existência de maciços de grande altitude e, dentre estes, especialmente o Pico da Bandeira, cuja altitude foi determinada por volta de 1911 (UFMG, s/data). Igualmente, ou até mesmo mais importante, a criação decorreu da importância ecológica da área que concentrava em pequeno espaço variadas e distintas formações vegetais. Esse fator foi a origem da primeira referência à proteção legal da área que ocorreu em 1922, após a visita ao local de uma missão de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Nessa mesma época, certa mobilização social para a proteção da área já existia, demonstrada pelas notícias veiculadas em jornais que falavam da necessidade de instituir uma reserva acima da cota dos 1.800m de altitude (UFMG, s/data).

Contudo, o primeiro dispositivo legal de proteção na região do PARNA do Caparaó tardou a existir. Apenas em 20 de setembro de 1948, o Decreto Lei Estadual no 55, que criava a “Reserva Florestal do Pico da Bandeira”, foi estabelecido. Rapidamente, no mesmo ano da criação da reserva estadual, o então diretor do Parque Nacional da Serra dos Órgãos encaminhou parecer favorável à transformação da área em Parque Nacional. Da mesma forma, em 1953, a Câmara Municipal de Espera Feliz, Espírito Santo, dirigiu-se ao Presidente da República solicitando a criação do Parque. Vários pedidos foram feitos subseqüentemente, até que, em 1961, o presidente Jânio Quadros criaria o Parque Nacional do Caparaó (IBDF, 1981; Urban, 1998).

O Parque Nacional do Caparaó foi criado em 24 de maio de 1961 pelo decreto federal n.º 50.646, assinado pelo então Presidente da República Jânio Quadros.

Abriga o terceiro pico mais alto do país, o Pico da Bandeira. Por volta de 1859, D. Pedro II determinou que fosse colocada uma bandeira do Império no pico mais alto da Serra do Caparaó.

Acredita-se que a denominação “Pico da Bandeira” (2.892 m) se deva a esse fato.

Hoje, grande parte dos visitantes que chegam ao parque vem atraídos não só pelas belezas naturais, mas também pela perspectiva de escalar o Pico da Bandeira, para conhecer o ecossistema da Unidade, conhecer trabalhos desenvolvidos de Educação Ambiental, desenvolcimento das comunidades entre outros . Aliás, as montanhas do maciço do Caparaó apresentam paisagens de grande beleza, existindo também outros picos importantes como o Pico do Cristal (2.798 m) e o Pico do Calçado (2.766 m)

ATRIBUTOS HISTÓRICOS

A região do Parque Nacional do Caparaó possui histórico muito rico que, de certa forma, reproduz os diferentes ciclos de “desenvolvimento” econômico do país e, mais particularmente, da associação destes com a destruição da Mata Atlântica. Este fator tem grande importância pois poderia ser melhor aproveitado tanto em atividades de interpretação no Parque, quanto em programas de educação ambiental.

A região que onde se encontra o Parque Nacional foi ocupada, em tempos remotos, por diferentes grupos indígenas. Encontravam-se aí Botocudos, Poris (ou Puris), numerosas tribos Tapuias e, posteriormente, os Tupis. Genericamente, a região abrigava grupos de caçadores-coletores que com sua resistência à colonização dos portugueses impediram, por certo tempo, a destruição da Mata Atlântica em várias regiões, sendo alvo de perseguição oficial e legalizada (Dean, 1996; Ribeiro, 1996).

A colheita de café ocorre na região desde o século XVIII quando, com o fim da mineração nas Minas Gerais, o produto substituiu o ouro no processo de povoamento mineiro. A região da Zona da Mata mineira, que incluía cidades como Carangola e Manhuaçu próximas ao Parque, tornou-se cafeicultora, atraindo a partir do final do século XIX imigrantes italianos, espanhóis e portugueses (UFMG, s/data). Porém, com o tempo, a terra foi sendo esgotada, a mão-de-obra foi escasseando, o café foi perdendo valor econômico e regiões mais férteis foram abertas ao seu cultivo. Com isso, a pecuária de leite sucedeu o café como atividade econômica predominante na região, até à volta do café em anos mais recentes, o qual predomina na época atual.

Outro fator importante na região foi a presença constante de tropeiros que carregavam mercadorias, notícias e, especialmente, o café para ser comercializado. Sendo a principal forma de transporte por muito tempo, o número de pessoas e animais envolvidos era muito grande, assim como sua influência na formação da cultura local (Dean, 1996).

A chegada do transporte ferroviário à região constitui outro fato marcante. Por volta de 1913, a “The Leopoldine Railway” chegou para transportar produtos agrícolas e madeiras nobres como o cedro (UFMG, s/data). Além da destruição causada pela comercialização da madeira, os trens utilizavam locomotivas a vapor que se abasteciam de carvão vegetal proveniente das florestas locais. Atualmente, a estrada de ferro encontra-se desativada e seu leito substituído por estradas de rodagem, restando apenas alguns trechos e construções associadas, algumas das quais de valor turístico (MMA, 1997).

A região do Caparaó e, nesse caso, as próprias terras do Parque Nacional, está ligada também `a história mais recente do país, mais especificamente àquela das guerrilhas oposicionistas ao governo militar. Por volta de 1966, um grupo reuniu-se no alto da serra do Caparaó com o objetivo de derrubar o governo militar, movimento no entanto abortado pelo governo e os envolvidos presos, dentre os quais o ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola (Anônimo, 1992).

GUERRILHA DO CAPARAÓ

A Guerrilha de Caparaó, ocorrida entre fins de 1966 e início de 1967, foi provavelmente o primeiro movimento no país de resistência armada à ditadura. O cenário de tal movimento, a região do Parque Nacional de Caparaó, localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, era considerado um ponto estratégico, havendo indícios de que grupos de esquerda já haviam realizado estudos de reconhecimento para a implantação de focos guerrilheiros ainda no governo João Goulart e logo após o golpe de 1964: “Moniz Bandeira tem informações de que o local havia sido estudado para a implantação do foco com militantes das Ligas Camponesas desde de 1963 e que a POLOP tentou fazer aí em 1964, depois do golpe, com sargentos e marinheiros, mas o plano foi abortado”. Um dos líderes da Guerrilha de Caparaó, Amadeu Rocha, também afirma que a região já havia sido explorada por outros movimentos: “A ‘POLOP’ (Política Operária) não deu apoio à Guerrilha, mas simplesmente cedeu a área, porque não tinha condições de explorá-la. Eles tinham um trabalho feito lá...”

Apesar do envolvimento de alguns civis ligados a organizações de esquerda, os integrantes da Guerrilha eram em sua maioria militares, principalmente ex-sargentos e marinheiros que participaram das manifestações em favor das reformas de base no governo de João Goulart.

O movimento ainda contava com o apoio do ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, na época exilado no Uruguai. Brizola havia tentado resistir ao golpe assim que este ocorreu, mobilizando políticos e militares fiéis à Jango. Entretanto, com a desistência do presidente de resistir ao golpe de Estado, o ex-governador embarca para o país vizinho de onde passa a tramar uma reação armada ao grupo que havia se usurpado o poder. É no exílio que Brizola mantém contato com o governo cubano, conseguindo dinheiro e o envio de homens ao país no intuito de realizarem o treinamento guerrilheiro. Segundo Denise Rollemberg, cinco integrantes da Guerrilha de Caparaó teriam realizado o treinamento em Cuba.

Fonte: www.ibama.gov.br

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